SURDOS
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NOS SURDOS
O
estudo da inteligência das pessoas surdas passou por diferentes períodos
históricos. Em cada um deles houve diferentes interpretações dos dados obtidos,
que são a expressão das teorias e dos modelos dominantes em cada época.
Myklebust
(1964) em seu livro sobre a psicologia do surdo apresenta a tese de que o
desenvolvimento da inteligência dos surdos é diferente da dos ouvintes. O
principal dado em que se baseia é que o pensamento dos surdos está mais
vinculado ao concreto e apresenta mais dificuldade para a reflexão abstrata.
Essa constatação não impede que em muitos testes de inteligência, especialmente
naqueles com menor conteúdo verbal, os resultados obtidos pelos surdos sejam
similares aos dos ouvintes. Por essas razoes, é possível desenvolver uma
psicologia própria das pessoas surdas. O caráter diferencial procede das
limitações dos surdos para ter acesso à informação, que faz com que sua atenção
se centre, sobretudo em suas experiências internas. A ausência de som limita o
acesso à linguagem, o que por sua vez influirá no desenvolvimento do pensamento
abstrato e reflexivo.
Essa
posição diferenciadora foi discutida a partir da teoria do desenvolvimento de
Piaget. Sua formulação de que a linguagem e a interação social não ocupam um
papel determinante na estruturação do pensamento fundamentou um amplo conjunto
de pesquisas. A obra mais representativa dessa tese é a de Hans Furth (1966,
1973), cuja conclusão é a de que a competência cognitiva dos surdos é
semelhante à dos ouvintes. Os dois grupos de pessoas passam pelas mesmas etapas
de desenvolvimento, embora nos surdos a evolução seja um pouco mais lenta. Furt
atribui o atrás as “deficiências experimentais” que o surdo vive.
Nos
anos 1980 e 1990, são as formulações da psicologia soviética, juntamente com os
modelo s de processamento da informação, que fundamentam os principais estudos
e interpretações. O desenvolvimento cognitivo visto em estreita relação com o
desenvolvimento social e comunicativo. Além disso, as pessoas surdas não são
“privadas de linguagem”, como sustenta Furth, mas têm uma linguagem própria que
se expressa na modalidade manual. Esses modos específicos de comunicação dos
surdos também influenciaram as pesquisas atuais sobre a representação e
organização mental da informação e sobre seus esquemas de conhecimento.
Referencias: texto retirado do livro, COLL,
César. MARCHESI, Álvaro. PALACIOS, Jesús. Desenvolvimento
Psicológico e educação: Transtornos de desenvolvimento e necessidades
educativas especiais. 2° edição. São Paulo: Artmed,2004. 181 p.
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