quarta-feira, 23 de outubro de 2013



Músculos e Envelhecimento
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Por volta dos 50 anos, a massa de músculos esqueléticos está reduzida em cerca de 10% e, por volta dos 80 anos, ela é apenas cerca de 50% do que foi na juventude
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Todos sabem que ao envelhecermos nossos músculos tornam-se mais fracos e nossos movimentos mais lentos. Mas, por que isso acontece? O envelhecimento provoca inúmeras mudanças nos músculos esqueléticos. A mais marcante é a perda da massa muscular, que começa por volta dos 25 anos de idade. Por volta dos 50 anos a massa de músculos esqueléticos está reduzida em cerca de 10% e, por volta dos 80 anos, ela é apenas cerca de 50% do que foi na juventude. Essa redução relacionada com a idade deve-se principalmente a espessura das fibras, mas parece não ter nenhum efeito sobre a perda das fibras.
Antes de as fibras musculares se atrofiarem e serem perdidas, elas mudam de forma e de aparência. Nos jovens, as fibras são claramente angulares, enquanto nos idosos elas são frequentemente mais arredondadas e, em casos estremos, assumem forma de uma banana. Além disso, a idade parece induzir o fenômeno de “agrupamento por tipo”: nos músculos esqueléticos dos jovens e das pessoas de meia idade, as fibras rápidas e lentas ficam misturadas, formando um padrão tipo tabuleiro de xadrez; nos músculos dos idosos por sua vez, as fibras rápidas e as fibras lentas tendem a se separar em grupos isolados.
Os efeitos do envelhecimento parecem ser mais drásticos sobre as fibras rápidas
Essas descobertas levaram alguns pesquisadores a lançar a hipótese de que o “agrupamento por tipo” das fibras nos músculos envelhecidos seria consequência de um complexo processo em que os nervos controladores dos músculos mudariam de um tipo de fibra para outro. Considere uma unidade motora, como todas as fibras musculares controladas, ou inervadas, por um único neurônio originário da medula espinhal. À medida que envelhecemos, alguns desses neurônios motores “morrem”; as fibras musculares por ele inervadas ficam sem estimulo e também se atrofiam e morrem- a não ser que sejam reinervadas por outro neurônio motor.  
Se uma fibra muscular é reinervadas por um neurônio de uma unidade motora de tipo diferente- por exemplo, uma fibra muscular rápida reinervadas por um neurônio de uma fibra lenta-, a fibra se defrontará com sinais conflitantes. Originalmente ela é uma fibra rápida, mas passa a receber estímulos para um padrão de atividade típico de uma fibra lenta. O resultado final parece ser a transformação da fibra rápida em fibra lenta, ou vice-versa na situação oposta.
Os efeitos do envelhecimento parecem mais drásticos sobre as fibras rápidas, que atrofiam numa taxa maior que as fibras lentas. Assim, alguns estudiosos suspeitam, há algum tempo que a distribuição de fibras rápidas e de fibras lentas muda gradualmente com a idade, com favorecimento de fibras lentas. Isso, argumentam eles, pode ajudar a explicar por que um garoto de 10 anos de idade vencerá seu avô de 60 anos em uma corrida de 100 metros, mas continuará a ser derrotado por ele em uma corrida de 10 quilômetros.
A hipótese é um tanto controversa porque tem sido difícil provar que o envelhecimento leva um aumento na quantidade relativa de fibras lentas. Em um estudo recente, abordamos o problema de uma maneira diferente. Convencemos um grupo de 12 idosos, com idade média de 88 anos, a se submeter à biópsia do musculo vasto lateral (localizado na parte frontal da coxa). Então, trabalhando com agulhas finíssimas ao microscópio, dissecamos fibras individuais das amostras de tecido e determinamos a composição da miosina de cada uma das 2.300 fibras dissecadas.
Sabemos que os humanos não têm apenas fibras lentas e fibras rápidas puras, mas também fibras que contêm tanto miosina do tipo lento quanto miosina do tipo IIa (rápida) ou ambas as formas (IIa e IIx). No músculo vasto lateral de um jovem, as fibras híbridas são escassas: menos de 5% das fibras contêm ambos os tipos de miosina, a miosina lenta tipo I e a miosina rápida tipo IIa. Em nossa amostra de pessoas idosas, verificamos que um terço de todas as fibras examinadas continha esses dois tipos de miosina. Surpreendentemente, essa fibra híbrida era o tipo predominante nos músculos de pessoas muito idosas.
Concluímos que não é possível responder com um simples sim ou não à pergunta se um músculo idoso tem mais fibras lentas. O que parece acontecer não é uma simples mudança na razão entre fibras rápidas e fibras lentas, mas principalmente o desaparecimento dos limites entre fibras lentas e rápidas, a ponto de em músculo de pessoas muito idosas um terço das fibras não ser nem lenta nem rápida, mas algo intermediário.

Leitura adaptada pelos autores disponível no livro:
AMABIS, José Mariano. MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia. Biologia das Células, 2° Edição. São Paulo: Moderna, 2004.pág.330-331


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